domingo, 14 de outubro de 2007

Botãozinho vermelho.

Ativar!

Boooooom! \o/
(...)

Esse blog morreu. Agora é um blog zumbi. Vamos comer o seu cérebro.
Sorvete zumbi. Será que no MAE tem desse sabor?

"Temos sorvete de queijo, de tapioca e de zumbi." ._.


Falando em botões vermelhos.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Divina Comédia

(texto com mais de um ano, mas ainda assim.)

São Paulo, dia qualquer de Julho, 15:00.

- De milho, por favor. Duas bolas. Não, não. Três.

São Paulo, um dia qualquer de Julho, 13:00.

Perdera a vontade de sair e ver o que acontecia nos arredores, cansara-se de toda aquela baboseira incessantemente repetida por aquelas bocas tortas e aqueles olhos opacos. Queria dar um tempo, poder reservar-se com seus melhores amigos. Eles, sim, eram fiéis: Não cobravam formalidades ridículas, nem bom humor eterno ou até mesmo bajulações infinitas. Não, eles sim eram verdadeiros amigos.. companheiros, conselheiros, animadores e sublimemente desesperadores. De qualquer forma, não podia imergir nesse mundo. Era perseguida pelas tais obrigações, implacáveis e cruéis, desanimarodas e absurdas. Enlouquecedoramente cinzas.

Andara sob névoa, sem muitos rumos. Uma folha [seca] ao vento, prestes a ser pisada por alguém que sente prazer em ouvir seu grito de horror, era outono e outras folhas cairíam, ainda assim, este fato não desmereceria o fim de uma -apenas uma- folha seca. As pessoas desaprenderam a prestigiar a vida. Tudo foi engolido pela banalização, pela individualização. Chega a ser engraçado. Sorriso de banana podre.

Seus olhos seguiam a linha branca em meio ao preto, suas pernas porcamente tentavam reproduzir o desenho que se formava ao longo do caminho, cambaleava e levava golpes frontais e pelas costas. Covardes. Apesar da resistência, continuava seguindo. Seguia...

De repente, o seu desespero, sua insatisfação e seu tédio começaram a sufocá-la - spleen -, a apinéia precisava acabar, a situação era ridícula, patética, sem sentido; seu estado lamentável clamava por qualquer cor. Suspirar e ignorar não bastava, era preciso mais. Algo grandioso, definitivo, louvável... Pensou, pensou e fatalmente decidiu-se...

...

[14:30]

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Cor de nada

(sugestão adotada de Letícia, que tem sido incrivelmente foda nesses tempos)

Era um dia bastante diferente dos outros: estava contente. Tão contente que por inúmeras vezes pegava-se rindo a toa e conversando em voz alta consigo mesma. As pessoas nas ruas a olhavam com inquietação. Será que ela não se toca do papel ridículo que faz?

Continuava a andar sem muitos destinos, decidira pular da cama de manhãzinha e dar uma boa respirada naquele ar frio de Iareto. Era realmente frio. Começou, então, a brincar com aquele arzinho que sai de nossas bocas quando está aquele frio de doer os ossos. Soprava. Ora fumava, ora enviava um feitiço totalmente delirante. “Que todas as pessoas que estão pensando em morangos com leite condensado comecem a pensar em milhos verdes cozidos”. Ria sozinha de si mesma.

E naquele instante em que mantemos o sorriso, paramos de pensar e olhamos para baixo, ela encontrou um papel rosa. “O dia está bonito hoje?”. Estava, obviamente. O frio era seu melhor amigo. Ela acreditava que nessa época do ano, as pessoas ficavam mais próximas. A teoria é que o frio faz a gente ficar em casa, e ficar em casa invariavelmente implica ver tevê, e a tevê só nos proporciona filmes bobos, comédias românticas. Essas comédias românticas são terríveis, deixam todos carentes. E a carência, sabe como é, faz as pessoas se aproximarem. Ou baixarem a guarda para que outras pessoas igualmente carentes possam se aproximar. Que amor de verão que nada! Amor de inverno é bem mais interessante. Dividir o chocolate quente e roçar o pé gelado no pé quentinho debaixo do cobertor enquanto come pipoca e assiste pela milésima vez a De volta para o Futuro, na Sessão da Tarde.

Pois bem, o dia está lindo, mas quem perguntou mesmo? O bilhete rosa não tinha qualquer outra indicação. E isso a atormentava. Quem teria escrito? Para quem seria o recado? Ou será que o recado era pra ela mesmo? Mas ninguém a conhecia muito bem naquela cidade. Apesar de Iareto ser bem pequena, nem um quinto daquele lugar a conhecia. E também... Como saberia que ela acordaria disposta a ver o que o dia tinha para oferecer na pracinha? Estranho. Estranhíssimo. Bem, será, então, que existe alguma espécie de pessoa cuja diversão é escrever bilhetinhos e deixar no chão para que outras pessoas peguem e fiquem curiosíssimas para encontrar uma explicação? Mas que pessoa desocupada. E que pergunta mais trivial de se fazer. “Qual é o sentido da vida era filosoficamente muito mais profundo”. Ou então “Quem é você?”, até mesmo “Minhas férias” teriam maior impacto.

Respirou calmamente e sentou-se no banco. Ui! Frio, frio, frio. Com a bunda se aquecendo aos poucos, conseguiu voltar a raciocinar. Há um bilhete sem remetente sem destinatário. Há uma pergunta boba. Há um turbilhão de dúvidas. Haverá um motivo? Haverá um objetivo? Haverá um espião?

Achando que fosse uma brincadeira, ela concluiu que deveria ter alguém observando seus movimentos, desde o momento em que pegou o tal bilhete rosa. Ninguém faria uma brincadeira sem ver seu resultado. Ou faria? Quando esse pensamento se completou e a certeza de que alguém estava olhando, parou de respirar, tentou fazer um rosto bastante sereno e adulto, colocou o bilhete no bolso e foi tomar um café no Dino's. Seu andar estava totalmente travado, metade pelo frio e a outra pelo medo. Pediu o de sempre e sentou-se em uma mesa que possibilitava contemplar o lado de fora da cafeteria.

O vidro é, sem duvida, uma invenção fenomenal. Não havia ninguém especialmente parado do lado de fora, apenas transeuntes atrasados. Esmagou a cabeça de alguns deles e riu. Desistira de tentar encontrar uma explicação. De repente todo aquele nonsense tinha se assentado. Se não tem lógica, não procurarei alguma. Mas essa perguntinha... “O dia está bonito hoje?”... Quem perguntaria isso? E por que não vê por si mesmo? Oh, ele pode ser cego. Ou ela, esse ser aí. E se não cego, pode estar num hospital, sem a possibilidade de ver. Lembrou-se imediatamente da historinha do cego no hospital (!). Seus olhos marejavam só de pensar. Como é belo ter alguém com quem contar assim.

Sacudiu a cabeça como que para diluir esse pensamento melancólico e tentou juntar mais uma peça do jogo. Por que perguntar se o dia está bonito? Quer dizer, é importante que ele esteja? E por que não a noite? E por que beleza é fundamental? E também, esse conceito é tão relativo quanto aquela teoria daquele cientista alemão. O dia está lindo para mim, nublado, cinza e com uma brisa congelante. O capuccino de canela chegara. Aquela onda quente trouxera um sentimento tão bom que até fechara os olhos para senti-la melhor.

- Ei, John, o dia está bonito hoje?

- Carrie, o dia está horrivelmente frio. Essas nuvens negras ainda trarão chuva, anote o que eu digo.

Respondeu com um sorriso bastante condescendente e voltara a olhar para a rua agora menos movimentada. Realmente, as pessoas ficam mais rabugentas no frio. Mas isso não contrariava a sua teoria, é que ela só atingia as pessoas que gostavam de deixar a mão solta bater e rebater nos portões e grades alheias e depois sacudi-la na calça para limpar os borrões cinzas delas.

Bem, estava contente. Pediu uma caneta e um papel para John. Dobrou a folha verde e escreveu: “lembrar de ver se a água de Catine está limpa”. E acrescentou mais alguns rabiscos.

Voltou à pracinha e olhou para os lados pra ver se achava algum possível autor. Não encontrou ninguém. Respirou fundo e pôs as mãos no bolso. O papel caíra. Deu meia volta e dirigiu-se para sua casa. Tinha, ainda, muita coisa para fazer, eram apenas 10 da manhã.

“O dia está incrivelmente lindo! Qual é o sentido da vida?”.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Aquele alguém

O arco-íris não tinha aparecido naquele dia. Estranho. Havia água da chuva e sol. Cadê o aro-íris? Para Analice, esse fenômeno ultrapassava os limites da física. Os fundamentos da Óptica não povoavam sua pequena cabecinha.

Mas esperava ansiosamente. Adorava aquelas cores; não acreditava, obviamente, nas moedas de ouro, não era tola... Não, mesmo! Só gente boba cria que existia um pote cheio de moedas de ouro no fim do arco-íris. Sua prima três anos mais nova, de 6, falava para buscarem as moedas. Coitada, mas ela é uma criancinha, ela pode pensar besteira. No fim do arco-íris? Pote com moedas?Arco-íris não tinha fim! Ele dava a volta no mundo. Nossa! Que bonito seria poder voar para ver o arco-íris em volta do mundo. Mas será que as cores ficam de pé ou deitadas?
E também, pra que servem moedas de ouro? Quer dizer, se fossem de chocolate, até iria lá, mesmo que fosse mentira. Só pela sensação de poder achar. Mas moedas de ouro não são legais, não tinham utilidade alguma.

Analice rolava na grama. Algumas libélulas foram espantadas. Queria voar também. Pra quê, mesmo? Ah é! Pra ver o arco-íris em volta da Terra.
“O arco-íris é o anel do mundo”, pensou. Repetiu várias vezes, com a voz bem baixinha e com entonações diferentes. Iria contar para sua mãe na hora do jantar. O arco-íris é o anel do mundo. O arco-íris...

[Quando acordou, viu um coelho branco correndo apressado...]
[-Tentativa n°2]

...

Cof Cof

Perdão, estou ligeiramente engasgada.
Não adianta bater em minhas costas, o grão de arroz só sairá daqui quando eu o fizer sair.
E as traquéias são minhas, afinal. Vamos juntos, vai. Um, dois e três! Ué, cadê? Os olhos assustados com a tosse convulsiva. Obrigada, volte sempre. O grão de arroz só irá sair quando sair.
(...)
E não seria patético morrer engasgada com um grão de arroz? Daria no jornal. No fim, é isso que importa, não é mesmo?