quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Divina Comédia

(texto com mais de um ano, mas ainda assim.)

São Paulo, dia qualquer de Julho, 15:00.

- De milho, por favor. Duas bolas. Não, não. Três.

São Paulo, um dia qualquer de Julho, 13:00.

Perdera a vontade de sair e ver o que acontecia nos arredores, cansara-se de toda aquela baboseira incessantemente repetida por aquelas bocas tortas e aqueles olhos opacos. Queria dar um tempo, poder reservar-se com seus melhores amigos. Eles, sim, eram fiéis: Não cobravam formalidades ridículas, nem bom humor eterno ou até mesmo bajulações infinitas. Não, eles sim eram verdadeiros amigos.. companheiros, conselheiros, animadores e sublimemente desesperadores. De qualquer forma, não podia imergir nesse mundo. Era perseguida pelas tais obrigações, implacáveis e cruéis, desanimarodas e absurdas. Enlouquecedoramente cinzas.

Andara sob névoa, sem muitos rumos. Uma folha [seca] ao vento, prestes a ser pisada por alguém que sente prazer em ouvir seu grito de horror, era outono e outras folhas cairíam, ainda assim, este fato não desmereceria o fim de uma -apenas uma- folha seca. As pessoas desaprenderam a prestigiar a vida. Tudo foi engolido pela banalização, pela individualização. Chega a ser engraçado. Sorriso de banana podre.

Seus olhos seguiam a linha branca em meio ao preto, suas pernas porcamente tentavam reproduzir o desenho que se formava ao longo do caminho, cambaleava e levava golpes frontais e pelas costas. Covardes. Apesar da resistência, continuava seguindo. Seguia...

De repente, o seu desespero, sua insatisfação e seu tédio começaram a sufocá-la - spleen -, a apinéia precisava acabar, a situação era ridícula, patética, sem sentido; seu estado lamentável clamava por qualquer cor. Suspirar e ignorar não bastava, era preciso mais. Algo grandioso, definitivo, louvável... Pensou, pensou e fatalmente decidiu-se...

...

[14:30]

5 comentários:

Letícia Mori disse...

No entanto... perfeitamente adequado. Vc tbm nao tem a sensação de que as coisas se repetem infinitamente?
Rasgue o saco plástico que te envolve e respire fundo. Vc vai sentir um alivio indescritivel.
(e peça de maracujá, é o melhor)
Bjos e mais bjos.

Guilherme D. disse...

Gostei do texto.
Achei bonito.
Sabe, até outro dia achava idiota ver um filme ou ler um texto e falar: "É bonito". Mas Clarice me disse que é uma bela maneira de entendê-lo.

Bruna Buzzo disse...

e afinal parece ter-se decidido para o melhor. espera-se sempre nao eh mesmo?

Unknown disse...

(este comentário ai em cima é meu?)
hahha
será?

enfim... fiquei com dó da menina, indentidade é ruim... a gente fica pensativo, e triste, e depois...
deixa pra lá!
Gosto da sua poesia
e gosto de falar que os textos são bonitos!

Bruna, a Buzzo... não alguma outra

Unknown disse...

acho q era eu mesma... enfim.. deixa pra lá!